Por Matheus Prado
O pregão de hoje, sem tanta liquidez por estar espremido entre feriados (hoje nos EUA e amanhã no Brasil), contou duas histórias diferentes sobre o Ibovespa. De manhã, o índice avançou surfando na alta das commodities e num possível alívio para a crise hídrica. À tarde o índice perdeu o fôlego, refletindo o ambiente de aversão a riscos no mercado internacional. Inflação e crise energética seguem em pauta.
No final das contas, o índice perdeu 0,58% e fechou o pregão nos 112.180 pontos, bem abaixo dos 113.982 que chegou a alcançar durante a manhã. Com isso, o IBOV encerra uma sequência de quatro pregões positivos – ainda que três deles na margem – e reforça a dificuldade para sair do intervalo de 110 mil pontos e 113 mil pontos. O volume negociado na sessão foi de R$ 21,7 bilhões.
“O curto prazo está contaminado por um fluxo de notícias negativas e performance do Ibovespa espelha esse prêmio de risco alto”, diz Thomas de Mello e Souza portfolio manager da Atlas One Investimentos. “Mas temos sinais de que, apesar da dinâmica desafiadora, é possível resolver certos problemas. O eventual abrandamento da crise hídrica é um exemplo disso.”
Na sexta-feira, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que os níveis dos reservatórios das hidrelétricas apontam sinais de recuperação até o fim de outubro, em comparação com o início do mês. “A melhoria é significativa para as previsões de outubro, mas ainda há preocupações em relação ao La Niña, que pode implicar numa fraqueza do sistema hidrelétrico na parte sul da América Latina. No entanto, vemos tendência positiva para empresas como Cesp, Tietê e Engie”, disse o Crédit Suisse em relatório.
Aapesar de ser apenas uma indicação de melhora, empresas do setor elétrico tiveram valorização em bloco no pregão. Cemig PN subiu 3,18%, Eletrobras ON ganhou 2,65%, Energisa units avançou 1,75%, EDP Brasil ON saltou 1,69% e Engie ON valorizou 1,06%.
As maiores altas ficaram com Pão de Açúcar ON, que avançou 5,28% após recuar forte nas últimas sessões; Embraer ON, que subiu 4,89% ao anunciar a venda de uma centena de jatos executivos; e PetroRio ON, ganhando 2,85% após o futuro do Brent para dezembro de 2021 alcançar alta de 1,46%, a US$ 83,59.
Petrobras PN subiu 0,69% e Petrobras ON, por sua vez, recuou 0,07%. Complementando as ‘blue chips’ (empresas de maior valor no índice), a Vale subiu 2,22%, acompanhando o salto de 9,44% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, e os bancos recuaram. Itaú PN recuou 1,74%, Bradesco PN perdeu 1,82%, Santander units caiu 2,78% e Banco do Brasil ON teve oscilação negativa de 0,78%.
As empresas de tecnologia, principalmente as fintechs, tomaram, como parte de uma rotação de ativos de crescimento para ativos de valor, espelhando o ambiente macroeconômico de alta nas taxas de juros e retirada de estímulos por parte dos bancos centrais. Banco Inter units e Banco Inter PN devolveram 10,22% e 9,82%, respectivamente, após disparar nas duas últimas sessões; Banco PAN PN tombou 8,07% e BTG units caiu 5,75%. Ainda no setor, Méliuz ON perdeu 4,96% e Locaweb recuou 2,93%.