Regina Pitoscia
A aprovação do mercado à mais nova aquisição de Magazine Luiza, da Kabum site focado nas categorias de informática, games e tecnologia, anunciada nesta quinta-feira, ficou retratada pela forte alta dos seus papeis em pregão. Pela manhã, o papel chegou a subir mais de 6%, e transitou por todo o dia com valorizações expressivas, acima de 4%. Especialistas em varejo, comentam a operação que envolveu R$ 3,5 bilhões.
“Foi um golaço”, disse Davi Kahttar, analista do Fundo Atlas One. Pelo aspecto puramente financeiro, ele ressalta que a Kabum não foi tão cara, porque vem apresentando resultados consistentes, receita de R$ 3,4 bilhões nos últimos 12 meses, com lucro de R$ 300 milhões, o que representa um crescimento de 128% em 2020, e mais um avanço de 62% em 2021, até maio. “A empresa custou 1.1 da sua receita anual e 12.4 vezes do seu lucro” calcula ele.
Além do bom negócio financeiro, Kahttar destaca também as fortes sinergias decorrentes da operação. A Magalu reforça seu e-commerce, complementando um ciclo no mesmo nicho de Jovem Nerd e Canaltech, igualmente adquiridas pela varejista.
Já a Kabum chega com um universo de 2 milhões de clientes ativos e com alta frequência de compra e será beneficiada pela plataforma de logística da Magalu, agilizando todo o processo de entrega. Além disso, o volume de compras por boleto, que é expressivo na Kabum, poderá ser facilmente assimilado pela plataforma do Magazine Luiza
“A Magalu tem sido muito disciplinada em seu processo de alocação de capital na busca da consolidação de grandes plaraformas de e-commerce”, diz Kahttar.
Games é negócio interessante para a Magalu
Para Gustavo Cruz, analista da RB Investimentos, “ir na direção dos games é algo interessante para o Magazine Luiza, assim como foi na época o Jovem Nerd, só que agora numa proporção bem maior com todos os valores que foram envolvidos”. Ele explica que o mundo de games global está em cerca de US$ 170 bilhões de dólares pelos dados de 2020, e provavelmente vai crescer para mais de US$ 300 bilhões nos próximos cinco anos. “É um mercado que demanda atenção. A gente fala muito de conteúdo digital e cinema, mas o mercado de games acaba até superando em termos de valor que é girado em torno dele”.
“Gostei sim”, diz Cruz, “mais uma aquisição do Magalu, mais de 20 aquisições em dois anos, para fazer seu super app, para crescer em setores que não domina tanto, onde não é tão representativo. É uma disputa que vai continuar aquecida com os outros grandes no e-commerce, que está longe do fim”.
Oferta de produtos e serviços no superapp
“O plano de estratégia do Magazine Luiza é virar um super app, com diversas categorias e ser especialista nessas categorias e não só comercializar, mas ter serviço também”, contextualiza Hugo Queiroz, diretor do TC Matrix, braço da plataforma para análise de dados. “Então, ela tem feito todas as suas decisões e investimentos direcionado para atingir esse objetivo”.
O diretor relata que as recentes aquisições nas áreas de logística, de tecnologia, e de segmentos diferentes estão todas nessa mesma direção. “Como ela vem entregando esse crescimento e vem aparecendo nos números, o mercado gosta e antecipa, por isso os múltiplos são mais caros e faz sentido que ela continue executando isso”.
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